>> Sefer Shemot, Parasha Bo 5763/2003

Torá: Chumash Shemot (Êxodo), Capítulos: 10:1 – 13:16
Haftará: Asquenazi/Sefaradi- Irmiahu(Jeremias): 46:13-28

Leia Essa Semana:

Introdução Resumo da Parashá
Mensagem da Parashá O Casamento de Dezenove Anos
Haftará Yakov é Eterno
Para Pais e Filhos Você Sabia?
Para Pais e Filhos Respostas
Histórias Chassídicas Arrombando os Portões
Palavras do Rebe Atingir o Âmago



D'us comunica a Moshe que irá "endurecer" o coração do Faraó a fim de que através das miraculosas pragas o mundo reconheça para sempre que Ele é o único verdadeiro D'us. O Faraó é informado sobre a praga dos gafanhotos e advertido de quão devastadora seria. O Faraó concorda em libertar somente os homens, porém Moshe insiste na libertação de todo o povo. Durante a praga, o Faraó convoca Moshe e Aharon para que eliminem os gafanhotos e reconhece ter pecado. D'us cessa a praga porém "endurece" o coração do Faraó e mais uma vez é negada a liberdade para os B'nei Israel (Filhos de Israel).

O país, com exceção do Povo Judeu, mergulha numa escuridão palpável. O Faraó convoca Moshe e ordena-lhe a conduzir todos os judeus para fora do Egito, deixando porém todo seu rebanho. Moshe responde ao Faraó dizendo-lhe que levariam não somente seu próprio rebanho mas que também o rebanho do Faraó deveria ser levado. Moshe comunica ao Faraó que D'us enviará mais uma praga, morte dos primogênitos, e então os filhos de Israel deixarão o Egito. D'us "endurece" uma vez mais o coração do Faraó. Moshe é ameaçado à pena de morte pelo Faraó caso voltasse a se reencontrar com ele.

D'us comunica à Moshe que o mês de Nissan seria o primeiro mês do ano. Os Filhos de Israel são comandados a tomarem um cordeiro no décimo dia do mês e mante-lo até o décimo-quarto dia. O cordeiro então deveria ser degolado como sacrifício Pascal e seu sangue deveria ser colocado nos umbrais da porta da rua e sua carne seria assada e comida. O sangue nos umbrais serviria de sinal para que D'us não atacasse as casas judias durante a praga dos primogênitos. O Povo Judeu é instruído a perpetuar este dia , como sendo o dia do êxodo do Egito, nunca comendo chametz em Pessach.

Moshe transmite os comandos de D'us e o Povo Judeu os cumpre impecavelmente. D'us envia a última praga que mata os primogênitos e o Faraó ordena que os judeus saiam do Egito. D'us ensina a Moshe e a Aharon as leis relativas ao sacrifício Pascal, Pidyon Haben(resgate do primogênito) e Tefilin.




O Casamento de Dezenove Anos

Ela é volúvel e impulsiva, sua emoções instáveis pontilhadas por ataques de inspirada criatividade. Ocasionalmente, sua personalidade luminosa reluz como a lua cheia; igualmente freqüente, entretanto, são os períodos de escuridão não-funcional. O restante do tempo ela vacila entre estes extremos, então a pessoa geralmente a encontra em gentil declínio ou lutando com uma recuperação cuidadosa.

Ele é constante, confiável, tão regular como o nascer do sol de amanhã. Levanta-se a cada manhã para pegar o trem e está sempre em casa a tempo para o jantar. No trabalho, é eficiente, produtivo e apóia resolutamente a política da companhia. Seu olhar firme contempla benignamente a superfície efervescente da vida de sua esposa.

Como se poderia esperar, este não é um casamento fácil. Suas vidas não seguem alinhadas. Muitas vezes pode-se ver ele abrindo caminho, e o vulto dela, pálido, seguindo-o; outras vezes é ele que fica atrás, enquanto ela é impelida por uma de suas explosões impetuosas.

Mas eles se mantêm. Uma vez a cada dezenove anos seus esforços são recompensados. Suas trajetórias de vida se fundem, e podem apreciar um momento de harmonia.

Afinal, o tempo é nosso recurso mais precioso; quando se pensa a respeito, o tempo é tudo que temos. Mais que qualquer outra coisa, o modo pelo qual quantificamos e usamos o tempo define quem e o quê somos.

E o judeu tem aquele que é provavelmente o mais complexo calendário conhecido pelo homem.

O que faz o calendário judaico tão complicado é sua insistência em reconciliar os ciclos solar e lunar em um único sistema. O ciclo lunar de (aproximadamente) 29,5 dias é a fonte para a unidade de tempo a que chamamos "mês"; o ciclo solar de 365,25 dias e produz o ciclo anual de estações que chamamos de "ano."

O problema é que estes dois ciclos não são compatíveis entre si - doze meses lunares perfazem 354 dias, 11 dias a menos que o ano solar.

Por isso, muitos calendários pegam um desses dois sistemas e vão em frente. O calendário lunar Muçulmano, por exemplo, ignora completamente o ciclo solar. E o calendário solar Gregoriano (o calendário "secular" que tornou-se o padrão quase universal) é completamente dissociado do tempo lunar.

Porém na primeira mitzvá a ser ordenada ao povo de Israel, D'us instruiu Moshe a basear o calendário judaico nas fases da lua, e ainda torná-lo compatível com as estações solares. A única forma de casar estas duas trajetórias de tempo diversas (sem comprometer a integridade de nenhum dos sistemas) é criando um ciclo de dezenove anos que inclui seis tipos diferentes de ano: o ano judaico consiste de doze ou treze meses, e tem a duração de 353, 354, 355, 383, 384 ou 385 dias.

No terceiro ano do ciclo de dezenove anos (pelo qual o "ano" lunar caiu 33 dias atrasado em relação ao solar), é adicionado um mês extra, que quase fecha a lacuna. No sexto ano, o processo se repete. No oitavo ano, um décimo terceiro mês na verdade adianta o ano lunar alguns dias à frente. Mas não por muito tempo. Logo está novamente em defasagem. Somente no fechamento do décimo nono ano os dois ciclos de tempo convergem.

Por que fazemos as coisas tão complicadas? Porque a vida judaica é impulsionada pela determinação de efetuar um casamento entre estes dois cônjuges improváveis.

O tempo judaico é basicamente lunar, conectado à ascensão e descida mensal da lua. Como a lua, vivenciamos épocas de declínio, até mesmo momentos de escuridão destruidora, apenas para nos erguer novamente em plenitude luminosa. Vivemos nossa vida com a lua porque desejamos atrelar as qualidades distintas da energia lunar; sua coragem e criatividade, e sua capacidade de renascimento.

Porém somos igualmente determinados a incorporar em nossas vidas a certeza e a continuidade do sol. A vida deve ser criativa, mas deve também basear-se em verdades inequívocas; a vida trata de uma perpétua reinvenção, mas também de fidelidade e consistência.

Tentar seguir estas duas correntes do tempo simultaneamente não é tarefa simples. A coisa mais fácil a fazer é conseguir um divórcio e seguir um dos caminhos pela vida. Mas os judeus são famosos pela sua recusa em aceitar a solução mais fácil.




Na Haftará da semana passada, o Profeta Yechezkiel descreveu a vitoria do rei babilônio Nabucodonosor sobre o Egito. Nesta semana, o Profeta Iermiahu aborda o julgamento dos babilônios sobre os egípcios.

A Haftará também relata o exílio histórico mundial do Povo Judeu e inspira Israel a ser corajoso. O profeta direciona Israel para a única forma de ter sorte em todos os tempos e lugares.

O nome deste talismã e "eved Hashem" - servo de D'us. Apesar do grande sofrimento, a única forma infalível de proteção contra as tempestades históricas e ser servo de D'us. Pois ninguém pode ser mais próximo do mestre do que aquele que o serve em todos os tempos e lugares, incondicionalmente.


Yakov é Eterno

"Mas você, não tenha medo, Meu servo Yakov, e não tema. Oh, Israel, porque Eu te salvarei de longe, e seus descendentes da terra aonde são cativos, e Yakov retornara e será tranqüilo e ninguém o fará tremer". (Iermiahu, 46:27)

Nem os crematórios da Europa ou a assimilação do Novo Mundo conseguiram acabar com o Povo Judeu. Mas certamente em nossos dias, temos testemunhado inúmeras casualidades - um holocausto quieto - corpos andando e falando que ocultam almas Judias sobreviventes, mas machucadas.

Os escritos místicos nos dizem que Yakov nunca morreu. Yakov e eterno. Ele e como a lua. Ainda que engolfado por fogo ou materialismo, ate mesmo quando parece acabado, ele se renova. O Povo Judeu, a semente de Yakov, continua, então Yakov vive. "... e Yakov retornara e será tranqüilo e ninguém o fará tremer".  Avnei Ezel em Maiana Shel Tora





Você Sabia?

1. O que fala Rashi sobre "que o mal está em vossa frente" em Êxodo,10:10?

2. Qual os dois principais fatos ocorridos na praga da escuridão?

3. O que fala o Midrash sobre Moshe, ao ser comandado a dizer ao povo para pedir "emprestado" de seu vizinho ... roupas nobres, jóias... ?

4. Por que D'us falou que passaria "como no meio da noite", na décima praga?

5. Já que foi citado que o "Cachorro" não fez mal aos filhos de Israel, o que conta o Midrash sobre esta passagem?

6. O que aconteceu com os súditos do Faraó ao escutarem sobre a última praga?

7. De onde veio o sangue que foi usado para "pintar" os umbrais das portas das casas dos filhos de Israel?



Respostas

1. eis que os astrólogos do Faraó viram que o "mal" estava em frente no deserto, pois, os filhos de Israel pecariam e haveria mortes. Então, D'us mudou o mal para o sangue dos Iehudim ao entrar na terra de Israel, ao serem circuncidados.

2. Os dois principais fatos foram que todos aqueles descrentes com Moshe, apesar das oito pragas, então faleceram e forma sepultados - os egípcios não os viram. E também aconteceu que foi verificado aonde ficava guardadas as jóias.

3. O Midrash conta que Moshe perguntou a D'us se era de fato necessário pedir bens materiais? A resposta foi que sim, pois, D'us já havia acumulado riquezas na terra do Egito para que os filhos de Israel as levassem, conforme a promessa aos patriarcas de que eles sairiam com muitos bens.

4. Porque o Faraó e seu povo poderiam dizer: veja, Ele falou tal hora, mas não foi exatamente este horário segundo meu relógio, etc. Similarmente, D'us assim afirmou para que não pudessem subverter o milagre da praga.

5. O Midrash nos conta que os cachorros não latiram e respeitaram que os filhos de Israel foram libertos do Egito. D'us recompensou-os com a carne imprópria, que possa lhes ser dada, conforme Guemará Chulin.

6. Os primogênitos egípcios ficaram desesperados e entraram em guerra contra o Faraó para que não morressem, ou seja, egípcio contra egípcio.




Arrombando os Portões

"E Eu passarei pela terra do Egito esta noite e ferirei a todo primogênito na terra do Egito - Eu sou o Eter-no."(Êxodo, 12:12)

"E Eu passarei pela terra do Egito esta noite" - Eu e não um anjo. "... e ferirei todo primogênito" - Eu e não um seraph - "... Eu sou o Eter-no" - Eu sou Ele, não outro.(Yalkut Shimoni, 189)

Porque foi necessário que D'us próprio, realizasse o milagre que foi a praga da morte dos primogênitos? Porque não enviou um mensageiro espiritual - um anjo por exemplo?

Tudo existe inicialmente em uma forma elevada e em seguida vai descendo através dos vários níveis de existência até atingir o nosso mundo. Todos os entes existem em todos os níveis porém em formas diferentes.

Por exemplo, sabemos que o fogo é algo que queima, porém nos mundos superiores, o fogo origina-se das paixões dos malvados. Consequentemente o que percebemos como milagres é por vezes resultado de nossa visão limitada neste mundo inferior. Por exemplo, quando Avraham Avinu saiu da fogueira ileso, foi realmente um grande milagre, mas somente para nós. Nos níveis superiores, já que Avraham Avinu estava livre de paixões da qual o fogo é originado, a entidade que corresponde ao fogo não podia tocá-lo , e assim o fato de ter-se salvado ileso não pareceria nada de miraculoso. Este é o significado quando Gabriel - o anjo do fogo - disse : "Eu descerei e irei salvá-lo (Avraham)." A descida de Gabriel simbolizou que a natureza superior do fogo seria revelada em nosso plano inferior de existência.

Entretanto, os judeus no Egito estavam tão profundamente mergulhados em perversão, que se encontravam inadequados para serem salvos até segundo padrões dos níveis superiores. Assim, somente D'us poderia "arrombar os portões" - alterando o curso normal da natureza, para que o Povo Judeu pudesse ser libertado da escravidão . Por esta razão nenhum anjo, mas somente Hashem, poderia realizar o milagre que foi a praga da morte dos primogênitos e libertar o Povo Judeu do Egito. Um milagre até mesmo no mais elevado dos níveis.




Atingir o Âmago

O Faraó, identificado por sua arrogância obstinada, declarou: "Não conheço D'us", e "O rio é meu e eu o criei", negando a influência de D'us em nosso mundo. O objetivo fundamental das pragas era destruir esta ilusão, revelando a Divindade, de modo que todos pudessem contemplá-la e, ao fazê-lo, aniquilar o orgulho do Faraó e de seu povo.

Esta necessidade se reflete no nome da leitura da tora desta semana, Bo . O significado mais comum de Bo é "vem", mas também significa "entra" ou "penetra". Foi ordenando a Moshe que penetrasse até o âmago do Faraó e negasse sua força.

Pois, a anulação do egoísmo do Faraó e o rompimento das limitações do Egito iniciaram - e iniciam para cada um de nós, quando revivemos o Êxodo - uma dinâmica de auto-reforço, destinada a levar o povo judeu para além de todas as restrições naturais e em direção a Redenção.